ATA DA NONAGÉSIMA SEXTA SESSÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA
SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 06.09.1989.
Aos seis dias do mês de setembro do ano de mil
novecentos e oitenta e nove reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio
Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Nonagésima Sexta Sessão
Ordinária da Primeira Sessão Legislativa Ordinária da Décima Legislatura. Às
quatorze horas e treze minutos, foi realizada a segunda chamada, sendo
respondida pelos Vereadores Adroaldo Correa, Airto Ferronato, Artur Zanella,
Cyro Martini, Décio Schauren, Dilamar Machado, Edi Morelli, Elói Guimarães,
Ervino Besson, Flávio Koutzii, Giovani Gregol, Heriberto Back, Isaac Ainhorn,
Jaques Machado, João Dib, João Motta, José Alvarenga, José Valdir, Lauro
Hagemann, Leão de Medeiros, Letícia Arruda, Luiz Braz, Luiz Machado, Nelson
Castan, Omar Ferri, Valdir Fraga, Vieira da Cunha, Wilson Santos, Mano José e
Gert Schinke. Constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou
abertos os trabalhos e solicitou ao Ver. Luiz Braz que procedesse à leitura de
trecho da Bíblia. A seguir, o Sr. Secretário procedeu à leitura das Atas da
Nonagésima Quinta Sessão Ordinária e das Trigésima Quarta e Trigésima Quinta
Sessões Solenes, que foram aprovadas. À MESA foram encaminhados: pelo Ver. Edi
Morelli, 01 Pedido de Providências; 01 Indicação; pelo Ver. Ervino Besson, 23
Pedidos de Providências; pelo Ver. João Dib, 01 Pedido de Providências; pela
Verª. Letícia Arruda, 01 Pedido de Providências; pelo Ver. Luiz Machado, 01
Emenda ao Projeto de Lei do Legislativo nº 31/89 (proc. nº 1083/89); pelo Ver.
Luiz Machado, 01 Projeto de Lei do Legislativo nº 133/89 (proc. nº 2370/89);
pelo Ver. Nelson Castan, 02 Pedidos de Providências; pelo Ver. Cyro Martini, 01
Pedido de Providências. Ainda, foi apregoado o Projeto de Lei do Executivo nº
43/89 (proc. nº 2476/89). Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 705; 706; 710;
711; 712; 713; 714/89, do Sr. Prefeito Municipal. A seguir, o Sr. Presidente
comunicou que o GRANDE EXPEDIENTE da presente Sessão seria destinado a
assinalar os duzentos e dezesseis anos de existência deste Legislativo,
convidando os Líderes de Bancada a conduzirem ao Plenário as autoridades e
personalidades presentes. Compuseram a Mesa: Ver. Valdir Fraga, Presidente da
Câmara Municipal de Porto Alegre; Prof. Olívio Dutra, Prefeito Municipal de
Porto Alegre; Sr. Telmo Magadan, Secretário do Estado de Coordenação e
Planejamento, representando, neste ato, o Sr. Governador Pedro Simon; Prof.
José Zamprogna, ilustre Jornalista e conceituado Empresário; Irmão Liberato,
Vice-Reitor da PUC/RS; Jorn. Firmino Cardoso, representando a Associação
Riograndense de Imprensa; Sr. José Gilberto da Silveira, Presidente da ABECAPA,
representando o corpo de funcionários desta Casa; Ver. Lauro Hagemann, 1º
Secretário da Casa. A seguir, o Ver. Valdir Fraga, como Presidente deste
Legislativo, registrou o nome dos primeiros Vereadores eleitos para a Câmara
Municipal de Porto Alegre e de tantos outros Vereadores que já integraram a
Casa. Discorreu acerca de seu trabalho como Presidente desta Câmara,
ressaltando que grande parte das obras realizadas o foram com recursos oriundos
de medidas de economia aqui adotadas. Agradeceu ao Empresário José Zamprogna,
pelo apoio dado às obras de construção deste Legislativo. Em continuidade,
concedeu a palavra ao Pref. Olívio Dutra, que discorreu sobre a importância do
Legislativo Municipal dentro de uma sociedade democrática, congratulando-se com
a Casa pelo aniversário que hoje comemora e pelo trabalho sempre realizado em
busca do aprimoramento democrático. Após, o Sr. Presidente, juntamente com o
Prefeito Municipal, procedeu à entrega de placa comemorativa ao Empresário José
Zamprogna. A seguir, concedeu a palavra ao Sr. Telmo Magadan que, em nome do Governo
do Estado, cumprimentou a Câmara Municipal pela passagem de seus duzentos e
dezesseis anos, relembrando momentos de grande discussão e participação
democrática que já atravessou este Legislativo. Destacou a importância da
elaboração da Lei Orgânica Municipal. Dando prosseguimento, o Sr. Presidente
concedeu a palavra aos Vereadores que se pronunciariam em nome das Bancadas da
Casa. O Ver. João Dib, em nome da Bancada do PDS, dizendo ter assistido às
comemorações dos duzentos anos desta Casa, falou sobre o significado do
trabalho dos Vereadores, dizendo serem os mesmos “uma síntese democrática da
população”. O Ver. Flávio Koutzii, em nome da Bancada do PT, comentou a
importância do momento histórico que hoje vivemos, analisando, em especial, a
elaboração da Lei Orgânica Municipal. Destacou a importância da participação
popular neste trabalho. O Ver. Airto Ferronato, em nome da Bancada do PMDB,
disse que seu Partido não poderia deixar de participar da presente comemoração,
cumprimentando os funcionários da Casa e comentando a importância do trabalho
realizado pelos funcionários públicos do País. Falou sobre a Lei Orgânica
Municipal. O Ver. Luiz Braz, em nome da Bancada do PTB, congratulou-se com a
atuação do Ver. Valdir Fraga à frente deste Legislativo. Teceu comentários
acerca das expectativas e ideais que levam um cidadão a concorrer a uma eleição
para o Legislativo Municipal. Agradeceu a solidariedade sempre encontrada em
seu trabalho na Casa. O Ver. Lauro Hagemann, em nome da Bancada do PCB, fez um
relato acerca dos momentos históricos de vital importância que atravessou o
mundo nos últimos duzentos e dezesseis anos. Destacou as constantes
transformações que envolvem a sociedade, dizendo do significado da elaboração,
pela Casa, da Lei Orgânica Municipal. O Ver. Artur Zanella, em nome da Bancada
do PFL, salientou ser esse Legislativo o órgão representativo da população
porto-alegrense, necessitando ser um exemplo de trabalho constante e
progressista. Falou sobre a presença marcante da Câmara Municipal de Porto
Alegre na história política do País. O Ver. Wilson Santos, em nome da Bancada
do PL, analisou o sentido do voto para o crescimento da consciência
democrática, saudando a todos que, direta ou indiretamente, colaboram para o
bom andamento dos trabalhos desta Casa e, conseqüentemente, para o
desenvolvimento da Cidade. O Ver. Omar Ferri, em nome da Bancada do PSB,
discorreu sobre a forma como a atual Legislatura vem exercendo seus trabalhos
na Casa, declarando que o objetivo de todos os Vereadores é o de responder aos
anseios de suas comunidades. O Ver. Vieria da Cunha, em nome da Bancada do PDT,
homenageou os funcionários e a Mesa Diretora da Casa. Declarou que uma Câmara
Municipal representa a vontade popular e é um dos sustentáculos da democracia,
criticando as campanhas difamatórias observadas com relação a esse órgão.
Questionou a real independência que possui nosso País. A seguir, o Sr.
Presidente concedeu a palavra ao Prof. José Zamprogna, que comentou a crise
generalizada que atravessa o Brasil, destacando nossa elevada dívida interna.
Disse esperar que o próximo Presidente da República consiga encontrar soluções
concretas para o País, defendendo uma atuação conjunta de todos os brasileiros
com vistas a esse fim. Às dezesseis horas e vinte e cinco minutos, os trabalhos
foram suspensos e, às dezesseis horas e quarenta minutos, tendo sido constatada
a existência de “quorum”, foram reabertos, e iniciada a ORDEM DO DIA. Após, foi
aprovado Requerimento de autoria do Ver. Elói Guimarães, solicitando a inversão
na ordem de votação da matéria em Ordem do Dia. Em Discussão Geral e Votação,
foi aprovado Projeto de Lei do Executivo nº 23/89, juntamente com a Emenda nº
01, após ter sido discutido pelos Vereadores Elói Guimarães e Airto Ferronato.
A seguir, foi apregoada Emenda de autoria do Ver. João Dib, ao Projeto de Lei
do Legislativo nº 23/89, a qual foi encaminhada à apreciação conjunta das
Comissões de Justiça e Redação, Urbanização, Transportes e Habitação, Finanças
e Orçamento, e de Saúde e Meio Ambiente. Ainda esteve em Discussão Geral e
Votação o Projeto de Lei do Legislativo nº 52/89, que deixou de ser votado em
face da inexistência de “quorum” deliberativo, verificado a Requerimento verbal
do Ver. Flávio Koutzii. Às dezesseis horas e cinqüenta e oito minutos, nos
termos do artigo 71, parágrafo único, do Regimento Interno, e tendo sido
registradas as presenças dos Vereadores Airto Ferronato, Cyro Martini, Elói
Guimarães, Ervino Besson, Isaac Ainhorn, João Dib, Lauro Hagemann, Leão de
Medeiros, Luiz Braz, Luiz Machado, Valdir Fraga e Vieira da Cunha, o Sr.
Presidente encerrou os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a
Sessão Ordinária de sexta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram
presididos pelos Vereadores Valdir Fraga, Isaac Ainhorn, e Lauro Hagemann, e
secretariados pelos Vereadores Lauro Hagemann e Adroaldo Correa. Do que eu,
Lauro Hagemann, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que,
lida e aprovada, será assinada pelo Senhor Presidente e por mim.
O SR. PRESIDENTE (Valdir Fraga):
Declaro abertos os trabalhos da presente Sessão.
O Grande Expediente de hoje será destinado a
assinalar o transcurso dos duzentos e dezesseis anos da Câmara Municipal de
Porto Alegre.
Solicito aos Líderes de Bancada que conduzam
ao Plenário as autoridades e personalidades convidadas e ao Ver. Lauro Hagemann
que assuma a Presidência dos trabalhos, a fim de que este Vereador faça uso da
tribuna.
O SR. PRESIDENTE (Lauro Hagemann): Com a
palavra, o Ver. Valdir Fraga.
O SR. VALDIR FRAGA: Sr.
Presidente, assumindo a direção dos trabalhos o Ver. Lauro Hagemann, nosso 1º
Secretário, Prefeito Olívio Dutra, demais companheiros Vereadores, demais
funcionários, diretores da nossa Casa, claro que com o pronunciamento escrito
faço uma leitura rápida, independente dos fatos históricos que impulsionam a
sociedade. Porto Alegre já contava com representantes municipais que
administravam a coisa pública, segundo os próprios meios da Província, a partir
de 06 de setembro de 1773. É dever registrar os primeiros Vereadores que
iniciaram. Tivemos eleitos na nossa primeira Câmara: Domingos Moreira, Domingos
Ribeiro, José Velludo, Manoel Tavares e Ventura Maciel. E aí sucederam por
esses anos que passaram vários Vereadores que a gente destacaria assim
rapidamente, Ver. José Aloísio Filho, Manoel Braga Gastal, Alberto André, Ildo
Meneghetti, Roberto Landel de Moura, Glênio Peres, Ábio Hervê. Uma série de
companheiros como Wilson Arruda, vamos citar também o companheiro Marcos
Klassmann, na gestão passada, Ver. Adão Eliseu, Cleom Guatimozim, pessoas assim
que estão no nosso meio, mas que deixam saudades pela convivência que nós
tivemos esses anos que se passaram. Ver. Ibsen Pinheiro, João Severiano.
Então, nós nos sentimos aqui, neste momento,
como Presidente da Casa, muito honrados por passarmos por aqui pela segunda
vez. Eu fazia uma leitura rápida de um livreto que nós lançamos em 1983, 1984,
quando nós registrávamos. Éramos vinte e um Vereadores e naquele período, 1983,
1984, passamos para trinta e três. E a Câmara tinha algumas dificuldades como
espaço, como sempre. Nós providenciamos aluguéis de algumas salas aqui na Rua
Siqueira Campos, Ver. Flávio Koutzii, e lá colocamos o Setor de Folhas e, na
época, por estudos dos próprios funcionários, achávamos e resolvemos por bem
comprar um computador. Vejam como é que são as coisas. Quando assumimos a
Presidência da Casa, que na época funcionava no Edifício José Montaury, falei
aos meus assessores que me acompanham nesses doze anos, a maioria deles estão
me agüentando: “Olha, amanhã nós estamos saindo, vamos voltar para aquela
salinha pequena onde nós estávamos”. A mesma coisa foi dita aqui agora: “Daqui
a dois anos, não vão pensar que vamos continuar com ar condicionado, sala
ampla”. Naquela época, tinha televisão na sala da Presidência. Chamei a atenção
dos Vereadores referente aos aluguéis das salas na Rua Siqueira Campos e,
agora, coincidindo com o nosso segundo mandato na Presidência, nosso Setor de
Folhas trouxemos de volta, já está na Casa. O SPD, que na época começou com um
computador - passou pelo mandato de outro companheiro, Ver. André Forster, e do
Ver. Brochado da Rocha -, se não me engano, tem mais de dez ou doze
computadores. Nós já transferimos para cá, só que ainda não encontramos o local
certo para a instalação dos computadores. Mas o Prefeito, através da PROCEMPA,
está nos auxiliando: o aluguel que gastávamos lá, não vamos gastar mais a
partir de agora, setembro.
E com algumas economias, com auxílio dos
senhores, dos funcionários, fizemos uma economia de 81%, conforme orientação da
Diretoria de Patrimônio, uma economia onde aproveitamos com a economia de
publicidade, do café, da água mineral, dos serviços de serviçais da Casa,
através da contratação de serventes e também com a gasolina.
Gostaríamos de convidar o Sr. José Zamprogna,
que nos desse a honra de assentar-se em uma das poltronas, é um dos nossos
convidados especiais.
Continuando. Com essas economias, conseguimos,
também com o auxílio da Prefeitura, o nosso asfaltamento, ao lado, mas num
futuro imediato deverá ser ao lado, mudando-se a frente, pois esta é a Av.
Loureiro da Silva. O espaço ao lado, através de uma Lei aprovada por esta Casa,
denominamos Largo Pôr-do-Sol. Mas com as economias também construímos o
restaurante para os funcionários, para a comunidade porto-alegrense. Quando a
gente coloca que a Câmara de Porto Alegre é nossa e de mais ninguém, o
restaurante é dos funcionários e nosso também, é dos porto-alegrenses que aqui
chegarem. Ali gastamos quarenta e sete mil cruzados na pintura. Ensaiamos um
lance para tentar adquirir algumas tintas e até a mão-de-obra, conseguimos com
a Kresil, para pintura do restaurante, o que agradecemos ao Dr. Samuel Burd
também. A partir daí, tivemos que mexer nos cofres da Casa. Então, com dez mil
cruzados, nós conseguimos dar uma pinturinha na Casa, que ficou com a
fisionomia diferente. Já não se diz mais, com se dizia, ao passar na Av. Beira
Rio, próximo à Usina do Gasômetro: “Que malocão é aquele ali?”. Agora, o
pessoal já diz: “Acho que ali é a Câmara”. E isso mesmo com esses tapumes.
Mas, aos poucos, com o auxílio que recebemos
de algumas empresas, como, por exemplo, da empresa do Dr. José Zamprogna, que
já nos entregou a cobertura do futuro Plenário, nós vamos concluindo nosso
trabalho. E, se o Dr. José nos permite, vamos ler aqui os nomes dos
funcionários que auxiliaram, do engenheiro ao operário: Arquiteto Eduardo
Rigobello, Engenheiro Tadeu Luiz, Senhores Eugênio de Freitas, Antônio Carlos
Santos, Moacir Ferraz, Edson Ávila Amaral e João Ataíde de Souza, todos
excelentes funcionários. Nossos cumprimentos. Os trabalhos, que deveriam ser
entregues em trinta dias, nos foram entregues em quinze dias. No decorrer da
Sessão, nós vamos continuar agradecendo, pois não temos como não fazê-lo.
Perguntava-me uma jornalista, hoje, qual o
presente que eu gostaria de receber. Como nós, Vereadores, funcionários,
diretores e comunidade porto-alegrense já havíamos recebido a cobertura, não
falei na cobertura, mas disse que gostaríamos de receber um projeto do Prefeito
Olívio Dutra que tratasse do fundo pró-construção da Câmara, para que
pudéssemos somar mais esforços ainda, sem muita despesa para o Município, que
está em dificuldades, como tantos outros, mas, aí, com auxílios mais seguros
dos nossos amigos, não só empresários, mas pessoas jurídicas e pessoas físicas.
Estes agradecimentos são extensivos também aos funcionários da Prefeitura, como
da SMOV, da Epatur, da SMT, que nos emprestou um caminhão-guincho para pintar
as partes mais altas da Casa, à Epatur, que nos empresta os andaimes, ao
Zocolloto, que nos emprestou um trator para alisar o asfalto. Com um pouquinho
de ajuda de cada um, estamos conseguindo realizar o que nos propusemos. A essa
ajuda estão se somando, agora, a Encol, a Condor e a Ethel e com isso estamos
conseguindo rebocar as paredes do novo Plenário. Cumprimento a todos os
funcionários. Com a colaboração de cada um de vocês, estamos avançando e tenho
a certeza de que, com a realização dos I Jogos Esportivos e Culturais, o
entrosamento vai ser cada vez maior e melhor. Quero que nos olhemos como amigos
e não como patrões, o que nunca fomos. Quando digo nós, refiro-me a nós, os
Vereadores.
Aproveito para cumprimentar, também, os
porto-alegrenses, porque esta Casa é do povo desta Cidade. Apresento, aos
Vereadores, em nome de toda a Mesa Diretora deste Legislativo, os
agradecimentos pela oportunidade que nos proporcionaram em permitindo que os
representássemos na direção da Casa. Tenham a certeza de que se algo
está sendo feito é porque V. Exas nos tem dado toda a autonomia para
agir. Esperamos que daqui a seis meses, quando promulgarmos nossa Lei Orgânica,
Ver. Flávio Koutzii, possamos fazê-lo com a inauguração do novo Plenário. No
decorrer das discussões, no decorrer dos debates, da Lei Orgânica, Vereador
Relator Dilamar Machado, já poderemos usar o novo Plenário.
Então, senhores funcionários, envio-lhes o meu abraço, a Casa é dos
senhores. Nós passaremos. Eu já estou com doze anos, já têm funcionários com
treze, quatorze, vinte anos, mas vocês continuarão e o tempo em que ficarmos
aqui com esta responsabilidade que nos deram, através do voto, não só do voto
popular, mas também o voto dos Vereadores para podermos chegar à Mesa, nós
temos certeza de que vamos orgulhar, não vamos envergonhar. Sempre vamos passar
nos corredores, muita vezes rapidamente e às vezes com olhar de exigência, mas
não de carrasco, como uma servente nos colocou há pouco tempo, mas depois nos
tornamos amigos. Ela disse-me: “Sua imagem é de carrasco”. Estamos trabalhando
e está sendo difícil terminar a obra, mas já se passaram oito meses e espero
que nos próximos anos estejamos juntos trabalhando em prol da nossa Cidade,
pelo bem comum da nossa população, eleitores ou não. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A Mesa
tem o prazer de anunciar que estão em nossa companhia o Prefeito Olívio Dutra,
o Arquiteto Telmo Magadan, Secretário do Estado de Coordenação e Planejamento,
representando, no ato, o Governador Pedro Simon; o Professor José Zamprogna,
ilustre jornalista e conceituado empresário desta Cidade, que hoje será
homenageado pela Câmara Municipal; o Irmão Liberato, Vice-Reitor da PUCRS; o
Jornalista Firmino Cardoso, representando a Associação Riograndense de
Imprensa; e o Sr. José Gilberto da Silveira, Presidente da Abecapa,
representando o corpo de funcionários desta Casa.
Concedemos a palavra, a seguir, ao Prefeito
Municipal de Porto Alegre, Sr. Olívio Dutra.
O SR. OLÍVIO DUTRA: (Menciona
os componentes da Mesa.) Sr. José Zamprogna, ilustre empresário e colaborador
das obras em andamento da Câmara Municipal; companheira e companheiros
Vereadores, companheiras e companheiros funcionários da Casa; senhoras e
senhores, trago, em nome da Administração Popular, o abraço e o respeito do
Executivo Municipal ao Legislativo da nossa Cidade. São mais de dois séculos de
existência deste foro indispensável, fundamental para a vivência democrática da
nossa urbe. São duzentos e dezesseis anos de existência de um poder sem o qual
não há democracia.
A Câmara Municipal é a síntese do pensamento
político de uma Cidade. Poderão não estar representadas todas as correntes
partidárias numa Câmara num determinado momento, mas certamente nela estarão
representadas as mais significativas ou a maioria delas. E isto é fundamental.
Nós, da Administração Popular, o PT, o PCB, o
PSB, o PCdoB, o PV, que propugnamos sempre pelo aperfeiçoamento das nossas
instituições e pela participação direta da população nos destinos da sua
Cidade, entendemos que tudo isso não poderia ser feito e não se alcançará se
não for valorizado e fortalecido o Legislativo, nesta instância básica do
Município, sem falar nos Legislativos a nível estadual e Congresso Nacional.
Entendemos que o processo democrático se
aperfeiçoou, avança na medida em que as lutas sociais também se fortalecem, se
amplia a organização popular. E sentimos cada vez mais a necessidade de, em
fortalecendo o Legislativo, estabelecendo relações harmônicas e respeitosas e
interdependentes entre os três poderes, ligarmos a democracia representativa com
a democracia direta, uma fortalecendo a outra. E esta Casa, ao longo dos seus
duzentos e dezesseis anos de história, tem sido permeável pela participação
popular direta.
Portanto, grandes caminhadas ainda temos pela
frente para que as nossas instituições se aperfeiçoem. Mas esta Casa, Casa
Legislativa de Porto Alegre, tem sido um exemplo na busca constante desse
aperfeiçoamento e da sua relação direta com o povo da nossa Cidade. Por isto,
os nossos respeitos, nesta data em que a Câmara comemora duzentos e dezesseis
anos de existência.
Gostaríamos, como Executivo, já termos
repassado para a Mesa, para o companheiro Valdir Fraga, Presidente da Casa, a
verba necessária para termos não apenas algumas obras executadas, mas tê-las já
concluídas na sua totalidade. Não podemos resgatar, ainda, este compromisso que
é do povo. Ter um prédio em condições adequadas de trabalho para o Legislativo,
para os seus funcionários, é um imperativo da nossa Cidade. É necessário o
aperfeiçoamento da democracia através do aperfeiçoamento do trabalho do nosso
Legislativo. Temos esse compromisso e não envidaremos esforços coletivos, em
conjunto com a Mesa, para que tenhamos, no menor prazo possível, concluídas as
obras do prédio da nossa Câmara. Estamos todos de parabéns. A Cidade pelo
esforço das gerações de Vereadores que se sucederam, pelo esforço da atual
Mesa, pelo trabalho e dedicação dos seus funcionários e pelo respeito que esta
Casa teve nos períodos de efetiva democracia do nosso País. Por isso, ela terá
sempre o respeito do Executivo, neste momento sob o comando da Administração
Popular.
Muito obrigado e muitos séculos de vida para a
nossa Câmara.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Valdir Fraga): Nós
vamos prestar uma homenagem ao Sr. José Zampronga, tendo em vista que o
Prefeito Municipal tem um compromisso a seguir. (Lê.)
“A gratidão da Câmara Municipal de Porto
Alegre, no transcurso dos seus duzentos e dezesseis anos de existência, pelo
seu elevado espírito público, inestimável contribuição, doando o material
necessário à cobertura do Plenário do Palácio Aloísio Filho, sede do
Legislativo da Cidade. Porto Alegre, 06 de setembro de 1989.”
Mesa Diretora, nome dos membros e demais
Vereadores que estão nesta Legislatura.
Então, em nome do Executivo, o Sr. Prefeito
passará às mãos do Sr. Zamprogna.
(O Prefeito Olívio Dutra procede à entrega de
placa ao Sr. José Zamprogna.) (Palmas.)
O SR.
PRESIDENTE: Com a palavra, o Sr.
Telmo Magadan, em nome do Governo do Estado.
O
SR. TELMO MAGADAN: (Menciona os componentes
da Mesa.) Srs. Vereadores, senhores funcionários, população de Porto Alegre
aqui presente, gostaria, em nome do Governador Pedro Simon, a quem estou
representando neste ato, de trazer os cumprimentos do Governador e do Governo,
pela luta e, até diria, a glória da Câmara Municipal ao longo dos seus duzentos
e dezesseis anos. Eu não quero me alongar excessivamente, mas pediria licença
aos senhores para destacar o marco da minha pequena experiência com a Câmara.
Eu posso depor momentos da mais alta importância desta Câmara de Vereadores. Eu
cito passagens, quando participava da sociedade civil, como Presidente do
Instituto de Arquitetos do Brasil, de exemplos de democracia, discussão com a
sociedade civil em períodos, inclusive, caracterizadamente autoritários. Esta
Câmara deu demonstração, quando da discussão do Plano Diretor de Porto Alegre,
o último aprovado, o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano, de uma grande
discussão democrática dentro da Cidade. Depois, nós tivemos a oportunidade de
trazer a nossa opinião, na época, com membros do IAB. A sociedade civil se
manifestou, empresários se manifestaram e com críticas e acertos resultou uma
lei na qual Porto Alegre é pioneira, pioneira não como última lei, mas pioneira
na execução de planos diretores de desenvolvimento urbano, que datam de 1959.
Como
profissional da área, tive a oportunidade, em tempos recentes, de acompanhar a
lacuna e a falta de políticas urbanas nas cidades brasileiras. Nos quatro mil
Municípios brasileiros, poucos tiveram a capacidade que esta Câmara teve, já na
década de 1950, de pensar na elaboração de um sistema, com acertos e erros, mas
um sistema equilibrado, avançado de estabelecer uma organizada expansão urbana
de Porto Alegre. Eu destaco isso porque creio que esta é das grandes discussões
da Cidade. Quando a Câmara comemora os duzentos e dezesseis anos, o marco da
conclusão de uma Constituição Federal e Estadual, quando deverá acontecer a lei
mais importante do Município, que é a Lei Orgânica do Município, sem dúvida, eu
tenho certeza de que esta questão urbana, como outras, a questão urbana que é a
base da existência da Cidade, que é o que justifica a existência da Cidade,
terá novamente uma discussão à altura, como sempre teve, buscando o interesse
da coletividade, o interesse maior da população, sem interesses específicos,
mas considerando o interesse da Cidade como um todo sobre a questão urbana que,
sem dúvida, me permite colocar, Sr. Presidente, é o grande tema em todo o
mundo.
E esta
Câmara está adiantada nesta questão. Porto Alegre está adiantada nesta questão.
Acho que, quando discutirmos a Lei Orgânica, o tema urbano, o tema de ocupação
do solo, o regime urbanístico, os regimes de uso, o que se deseja da Cidade,
realmente esta será a oportunidade de se fazer uma grande discussão, uma
renovação da discussão desta questão, que é fundamental, sobre a questão da
habitação, a questão do transporte, a questão da infra-estrutura urbana pública
para toda a população, será a oportunidade de se discutir novamente. Eu quero
pedir as minhas desculpas pelo excesso de tempo que usei e que não estava
previsto. Quero agradecer a consideração da Câmara ao me permitir usar a
palavra e transmitir esta mensagem que o Governador Pedro Simon pediu que
trouxesse aqui.
Quero,
ainda, deixar consignada a disposição do Governo do Estado e da Secretaria de
Coordenação do Planejamento em colaborar, naquilo que for possível, com a
experiência do Estado e com o espírito de colaboração entre os Poderes, na
execução da Lei Orgânica do Município. Estamos à disposição e Porto Alegre, que
hoje está se preparando para ser a capital da integração latino-americana, sem
dúvida, deverá merecer, pela capacidade de seus Vereadores, pela capacidade de
sua Mesa Diretora, pela importância de sua população, uma participação grande e
uma contribuição grande de todos os setores institucionais de nosso Estado.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver.
João Dib, em nome da Bancada do PDS.
O
SR. JOÃO DIB: (Menciona os componentes da Mesa.) Eminente Cidadão
de Porto Alegre, Professor José Zamprogna, que teve o seu título de Cidadão
outorgado no dia 14 de maio de 1982, e 14 de maio é o aniversário do Sr.
Zamprogna, Srs. Vereadores, meus senhores, minhas senhoras. Sou, sem dúvida
nenhuma, o único dos Vereadores que assistiu às comemorações dos duzentos anos
desta Casa. Duzentos anos que foram comemorados, se outras razões mais não
existissem, porque o Presidente da Casa, na oportunidade, e que hoje empresta,
para honra nossa, seu nome a este Palácio, Palácio Aloísio Filho, o Presidente
Aloísio Filho dizia que, se outras razões não houvesse, pelo menos ele não
permitiria fato ocorrido cem anos antes, quando um Vereador, em meados do mês
de setembro, reclamava que não comemoraram o centenário da Casa, ele
comemoraria, sem dúvida nenhuma, no dia 06 de setembro. E comemorou com uma
série de atos e eventos, sem prejudicar o andamento dos trabalhos da Casa,
dando mais grandiosidade àquela Câmara Municipal que era considerada, sem
dúvida nenhuma, a mais bem estruturada em todo o País. Era um modelo de todas
as Câmaras Municipais do País, a Câmara Municipal de Porto Alegre.
Somos, sem dúvida, a síntese
democrática de todos os cidadãos da Cidade. E essa síntese nos enche de
responsabilidade. Temos que sentir os seus anseios, temos que conhecer os seus
problemas e temos que colocar toda a nossa inteligência, experiência e força
para que se transforme o máximo de problemas em soluções. Este tem que ser o
dia-a-dia de todos nós, Vereadores. Mas se somos a síntese democrática de todos
os cidadãos da Cidade, nós também temos que conhecer um pouquinho mais o nosso
povo. A Câmara que hoje faz duzentos e dezesseis anos iniciou com cinco
Vereadores, cinco Vereadores que trabalhavam aos sábados, domingos e, eventualmente,
às segundas-feiras. Cinco Vereadores aquinhoados pela fortuna, proprietários,
que poderiam trabalhar sem que seus familiares tivessem preocupação de como
sobreviver. Cinco Vereadores que administravam a Cidade. Cinco Vereadores que,
em 1947, passaram para vinte e um e que, em 1983, passaram a trinta e três e
alguns até sonham que sejam mais de quarenta. Até mesmo este Palácio que,
quando foi projetado, iniciada a sua construção, previa, sem que sentisse
qualquer coisa no horizonte, previa, no Plenário que o Dr. José Zamprogna
ajudou a cobrir, lugar para quarenta e um Vereadores. Nós temos
responsabilidade com esta população da qual somos a síntese, a síntese mais
democrática, porque chegamos aqui pelo voto.
No ano de 1973, quando esta Casa
fazia duzentos anos, tinha um número “x” de funcionários. Hoje este número deve
estar multiplicado por cinco ou seis. No ano de 1973, o custo da Casa era de
1,8% da arrecadação do Município. Hoje está em torno de 6%. Nós temos
responsabilidade por sermos a síntese democrática de todos os cidadãos da
Cidade e eu tenho certeza de que, se nós perguntássemos à população se a Câmara
está trabalhando bem, nós teríamos resposta positiva: a Câmara está trabalhando
bem. Cada um está dando o melhor do seu esforço para que os problemas, como eu
disse antes, sejam transformados em solução. Mas tenho certeza, também, de que
se nós perguntássemos à população se ela desejaria ter, ao invés de trinta e
três, quarenta e um ou mais Vereadores, eu tenho absoluta certeza de que ela
diria que nós deveríamos ser apenas vinte e um, retornando, portanto, aos
moldes antigos e diminuindo os custos desta Casa, proporcionando, assim,
oportunidade ao Executivo para que resolva mais problemas com a nossa
participação.
Mas, Sr. Presidente e Srs. Vereadores,
autoridades convidadas, meus senhores, minhas senhoras: é, sem dúvida nenhuma,
um dia de festa, duzentos e dezesseis anos de uma instituição que, ao longo do
tempo, mostrou a que veio, dando a contribuição dos seus Pares, dos seus
integrantes, quer sejam eles Vereadores ou servidores, dando o melhor de si
para ajudar no desenvolvimento desta Cidade. O eminente Secretário Telmo
Magadan mostrou aqui só a realização do Plano Diretor, bastaria para colocar a
Câmara numa posição de bastante destaque, porque esta Capital foi a primeira
cidade brasileira a ter um Plano Diretor. Este ano, nós temos uma
responsabilidade nova, que é a elaboração da Lei Orgânica. Eu gostaria de fazer
um alerta aos meus Pares para que não se faça o que aconteceu na Constituição
Brasileira, de estar precisando de duzentas leis para ser regulamentada, e eu
nunca vi regulamentar uma Constituição. A Constituição deveria regulamentar as
outras leis, deveria definir as outras leis. A nossa Constituição é cheia de
casuísmos. A Constituição Estadual está seguindo o mesmo caminho, há
fotografias, assuntos eminentemente administrativos, resolvidos na
Constituição. Eu faria um apelo aos meus Pares: vamos fazer uma Lei Orgânica
para que, a partir desta Lei Orgânica, todas as demais leis do Município fluam
e fluam de forma direta, objetiva, correta e que não se façam soluções que não
cabem numa Lei Orgânica, acenando com possibilidades de soluções que não vão
acontecer, inviabilizando o Poder Executivo. Eu apelo a todos os Vereadores que
tenhamos sensibilidade e que nós lembremos sempre que somos a síntese
democrática de todo o cidadão da Cidade.
E para encerrar, Sr. Presidente,
Srs. Vereadores, meus senhores, minhas senhoras, em meu nome pessoal, em nome
dos integrantes do meu Partido, PDS, Ver. Leão de Medeiros, Ver. Mano José,
Ver. Vicente Dutra, reafirmo o nosso desejo de bem servir esta Cidade, o nosso
desejo de não poupar esforços na busca da realização do bem comum, que é o
objetivo que nos trouxe para esta Casa. Agradecemos a todos aqueles que, de uma
forma ou de outra, têm auxiliado na execução deste prédio que, por certo, ainda
levará muito tempo, mas que, com a participação de todos, e aí o exemplo dos
funcionários da Casa que passaram a ser operários para resolver os problemas,
nós resolveremos também os problemas da Cidade, somando o esforço de cada um e
de todos nós. Muito obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): Antes de passarmos a palavra ao próximo orador
desta Sessão Solene, nós transmitimos aqui que o Secretário do Planejamento do
Estado, Dr. Telmo Magadan, que neste ato representa S. Exª o Governador do
Estado, Dr. Pedro Simon, nos comunica que tem outro compromisso na Assembléia
Legislativa do Estado e se retira neste momento. Agradecemos a sua presença.
Dando seguimento a esta Sessão, convidamos para fazer o uso da palavra o Ver.
Flávio Koutzii, em nome da Bancada do PT.
O SR. FLÁVIO
KOUTZII: Autoridades presentes, convidados, Srs. Vereadores
e senhores funcionários, nós gostaríamos de destacar, brevemente, e com todo o
convencimento e não por uma formalidade, que isto é justo e merecido, o
trabalho do Presidente da Casa, Ver. Valdir Fraga, que efetivamente conseguiu e
creio que hoje, com muita satisfação e orgulho evidentes, registra uma série de
melhorias materiais no funcionamento e nos recursos que vai dispondo a Casa,
que são produto muito nitidamente da vontade e da decisão de resolver as coisas
que pareciam praticamente impossíveis. Isso se deve a colaborações de todo o
tipo, dos funcionários, da disponibilidade, do empenho dos Vereadores e de
setores empresariais que contribuíram no sentido de facilitar soluções ainda
incompletas e provisórias, mas que são importantes para nós que vivemos a maior
parte do dia aqui dentro, no trabalho parlamentar. Uma melhoria que seja das
condições de trabalho e equipamento é uma coisa importante para a nossa vida e
para a qualificação dos trabalhos que temos a responsabilidade de desenvolver e
dignificar como Vereadores de Porto Alegre.
Outro aspecto que gostaria de
destacar é que esses duzentos e dezesseis anos da Câmara não são apenas um ano
a mais, eles se dão e se registram num momento extremamente complexo da
realidade política do País em que vivemos, e como político tratamos de intervir
e direcionar de acordo com nossas convicções políticas e ideológicas. É por
isso que, duplamente, é um ano relevante, é uma oportunidade que teremos de
desenvolver os trabalhos da elaboração da Constituinte Municipal, uma nova
Carta Orgânica. Isto para nós não é um exercício de repetição, é
fundamentalmente um desafio no sentido de dotar, neste período histórico de
nossas cidades, o Município de Porto Alegre de uma Carta que reflita os avanços
sociais que, como se sabe, não se ganham, se conquistam, e que estão mais do que
nunca a exigir respostas e espaços políticos, jurídicos e que se conformam,
inclusive, dentro da própria Carta Orgânica.
Este é, portanto, um marco muito
singular no ano em que estamos trabalhando e comemorando a existência desta
Casa, e da parte do PT é o desafio de batalhar, dentro do debate que será rico,
certamente, e complexo, com empenho de evitar, por simplificação, que deixemos
de fazer aquilo que é para nós a regra fundamental do exercício democrático, o
exercício consciente dos nossos mandatos profundamente vinculados,
organicamente garantidos com a participação popular.
E, por fim, não é possível fazer
um registro como este sem lembrar a profunda crise que vive o nosso País,
marcado por não só a óbvia e dramática situação econômica, como a crescente
degradação das condições de vida do povo brasileiro, como as inquietantes
degradações no terreno dos valores éticos e das premissas da vida política e
dos valores políticos e sociais e entender que mesmo aqui não tenho trinta e
três Presidentes da República, mas trinta e três Vereadores. É tão nosso como
de qualquer outra personalidade pública neste País o compromisso e a
responsabilidade para que o nosso trabalho, o trabalho desta Câmara, dessa
história de duzentos e dezesseis anos, se insira num contexto em que a
qualidade, a profundidade e a radicalidade com que venhamos a intervir na
realidade será uma parte daquilo que decidirá o futuro imediato de nosso País.
Muito obrigado. (Palmas.)
(Revisto pelo
orador.)
O SR.
PRESIDENTE: O próximo orador é o Ver. Airto Ferronato, pela
Bancada do PMDB.
O SR. AIRTO
FERRONATO: (Menciona os componentes da Mesa.) O PMDB, nesta
data, não poderia se fazer ausente, eis que comemoramos, hoje, duzentos e
dezesseis anos da Câmara Municipal. E nós, fazendo uma pequena observação,
podemos dizer, inclusive, dada a composição da Câmara neste momento, que esta
Câmara, talvez um pouco velha, hoje, é bastante nova, porque nós temos aqui um
pouco mais de duzentos e dezesseis dias de convívio na Casa do Povo.
Nós, que viemos do interior do
Estado, da colônia; nós, que desenvolvemos, em Porto Alegre, com muito prazer,
há muitos anos, funções no Executivo, primeiro como funcionário público
federal, depois funcionário público estadual; nós, que desempenhamos nossa
atividade numa área bastante árida, talvez um pouco dura, extremamente técnica,
que é, em primeiro lugar, a função de Contador Público, onde administrávamos
aulas de Orçamento e Finanças, na Receita Federal, no Ministério da Fazenda,
depois passando pelas áreas de fiscalização, como dissemos, áreas técnicas, que
pouco ou quase nenhum retorno político nos dão; nós, hoje, nesta data festiva,
fizemos uma reflexão e vimos que ser funcionário público, atuar com seriedade,
zelo, dedicação e competência é algo que o povo de Porto Alegre, que o povo
gaúcho reconhece. Ele reconhece a importância do servidor público no contexto
político atual, porque nós, dessa área de atividade, temos consciência de que
trabalhamos zelosamente para o engrandecimento da nossa Nação, do nosso Estado
e, especialmente, para o engrandecimento da nossa querida Porto Alegre.
Lembro-me que, enquanto ainda candidato, diziam: “Mas o Ferronato, um
funcionariozinho, pretende se eleger Vereador!”. No momento em que se falava
bastante mal, se criticava sobremaneira o servidor público, nós, em todos os
momentos, demos demonstração da nossa seriedade, da nossa importância no
contexto das coisas políticas, econômicas e sociais.
Fiz essa pequena introdução para,
em primeiríssimo lugar, cumprimentar o servidor público desta Casa. Tenho dito
e vou repetir sempre que a minha convicção é que os governos erram e acertam,
os legisladores erram e acertam. Sempre, por mais competência que queiramos ter
na área de governo e na área legislativa, cometemos erros e acertos, e o funcionário
público, no seu contexto geral, no seu todo, não erra nunca. Por quê? Porque é
a continuidade do serviço público, a nível executivo, legislativo e judiciário,
demonstrando sempre, quando chamado, estar pronto para servir. O meu abraço ao
funcionário desta Casa, estão de parabéns pelos duzentos e dezesseis anos da
Instituição. Como Vereador de Porto Alegre, com a larga experiência nas
atividades antes mencionadas, temos consciência da nossa responsabilidade e
que, se aqui estamos, estamos para servir, para expor nossos conhecimentos e
para fazer da Constituição Municipal uma Lei Orgânica que venha, efetivamente,
trazer os avanços sociais tão almejados e esperados pela sociedade
porto-alegrense. E tenho dito e volto a dizer que se estudarmos com detalhes os
avanços da Constituição Federal e bem aplicarmos esses avanços específicos da
área legislativa, temos certeza de que o Vereador de Porto Alegre e os
Vereadores deste País passarão a ser Vereadores com suas responsabilidades e
com seus afazeres e com seus poderes específicos.
Portanto, nós entendemos que, uma
vez adaptada a Lei Orgânica, nós, Vereadores, depois de um longo tempo onde
tivemos premidas as nossas atividades, nós passaremos a não ser mais
exclusivamente homens de Pedidos de Providências, mas homens com poderes de
representar a sociedade porto-alegrense, no nosso caso específico.
Para encerrar, em nome da Bancada
do PMDB nesta Casa, não poderíamos deixar de cumprimentar a Mesa pela forma como vem desenvolvendo suas atividades,
aos Vereadores, a todos os que contribuíram com as obras que hoje se concluem,
em especial o nosso amigo Dr. José Zamprogna. Um abraço a todos e obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: O próximo orador é o Ver. Luiz Braz, em nome da
Bancada do PTB.
O SR. LUIZ
BRAZ: (Menciona os componentes da Mesa.) Srs. Vereadores
e senhores funcionários, hoje, quando estamos comemorando duzentos e dezesseis
anos de existência da Câmara Municipal, queremos, em primeiro lugar,
cumprimentar a direção da Câmara, na pessoa do nosso amigo Valdir Fraga, pela
realização de um ideal, por poder tornar possível a realização de um sonho, que
não apenas ele, Ver. Valdir Fraga, acalenta há muitos anos, mas que todos
aqueles que por aqui passaram tiveram desejo de realizar. E o Presidente Valdir
Fraga mostrou que com senso de administração, com um pouco de austeridade se
consegue fazer as coisas. Foi um bom exemplo que V. Exª deu, não apenas àqueles
que formam a Câmara Vereadores, mas para todos os Parlamentos e para todas as
instituições. Muitas vezes se fica esperando um presente, um recurso que caia
do céu, quando na maioria das vezes estes recursos estão em nossas mãos, basta
saber administrá-los.
Quantos sonhos e quantos ideais
passaram por esta Casa nestes duzentos e dezesseis anos de existência, quantos
ideais e quantos sonhos se esboroaram. Quantas vezes alguém veio para esta Casa
pensando em muito realizar, pensando em modificar toda a estrutura de uma
sociedade e, em aqui chegando, encontrou dificuldades tantas e tamanhas que viu
aquele seu ideal se despedaçando contra um obstáculo qualquer.
Quantas vezes nós, antes de
chegarmos aqui, à Câmara de Vereadores, quando éramos apenas jornalista,
estudantes da Pontifícia Universidade Católica, pensávamos que, ao nos
elegermos Vereador de Porto Alegre, poderíamos aqui nesta Casa transformar os
anseios daquelas pessoas que nos rodeavam em realidades concretas. E precisou
muito tempo de nossa existência aqui na Câmara Municipal para provar a nós
mesmos que a democracia não é a imposição de nossa vontade pessoal, não é a
imposição de uma só individualidade, a democracia significa a soma das
vontades. Nós pensávamos, como muitos que aqui chegaram pensavam, que os
Vereadores, que os Parlamentares, que aqueles que têm representação pública pudessem
chegar aqui no Parlamento e exercitarem a sua vontade e através de uma simples
pressão conseguirem chegar até os seus objetivos. Quando aqui militaram, quando
aqui conseguiram chegar, viram que nada disso representava a verdade.
Eu conheci companheiros
Vereadores desde o ano de 1983, quando me elegi pela primeira vez Vereador
nesta Casa. Reeleito o ano passado, convivi com novos companheiros, mas sem
serem estes todos com os quais eu estive aqui nesta Casa, conheci outros tantos
de Legislaturas passadas e com os quais sempre trocava idéias. E não conheci,
Ver. Elói Guimarães, Vereadores, Sr. Presidente, autoridades, senhores
funcionários, nem um só desses Vereadores que não tivesse muitos ideais, nem um
só desses Vereadores que não tivesse muitos sonhos em suas cabeça, nem um só
desses Vereadores que não viesse aqui para lutar, para melhorar a Cidade, para
melhorar a sociedade. Agora, conheci realmente muitos desses Vereadores que
passaram por aqui e que aprenderam a lição de democracia; que passaram por aqui
e aprenderam a respeitar a vontade dos outros segmentos da sociedade que também
aqui estão representados.
E, ao saber disto, devo dizer que
quando estava sentado na minha tribuna, ouvindo os discursos que eram feitos,
estava pensando em fazer um pronunciamento a respeito de sonhos e ideais,
porque é exatamente isso que faz com que cada pessoa siga nesta ou naquela
direção. Eu construí uma frase, dentro de sonhos e ideais, que mais ou menos
resume aquilo que eu desejava falar nesta tribuna e que diz o seguinte: “Os
ideais e sonhos que por aqui passaram, muitas vezes esbarraram em obstáculos
difíceis de serem transpostos; se fraco o ideal, morre o sonho; se forte o
ideal, ele receberá adesões e acabará decretando a vitória sobre o obstáculo”.
Não é na primeira derrota com que nos deparamos que devemos nos sentir
derrotados. O importante é que sempre estejamos continuando a nossa caminhada,
que sempre estejamos prontos para continuarmos a luta, que sempre estejamos
prontos a darmos exemplos àqueles que nos seguirão. Pelo menos, temos a
obrigação de, se não conseguirmos conquistar os nossos objetivos, deixarmos os
caminhos prontos para que outros o consigam, porque os nossos objetivos
significam os objetivos de todo um segmento da sociedade. Nós, aqui, quando
estamos falando, não falamos por nós mesmos, quando aqui estamos falando,
falamos por toda uma sociedade e por isso a nossa responsabilidade aumenta cada
vez mais.
E eu acredito que nesses duzentos
e dezesseis anos a Câmara Municipal vive exatamente agora o seu momento
principal. Jamais na história dos duzentos e dezesseis anos da Câmara
Municipal, esta instituição viveu um momento tão importante como esta
Legislatura vive ao lado de todos os funcionários. Nós estamos trabalhando para
produzir a Lei Orgânica do Município. E será esta a grande oportunidade para
que nós, Vereadores, possamos transmitir e possamos oportunizar para toda esta
comunidade para trabalhar junto, para fazer com que todos possam fazer e ter
participação nesta Lei Orgânica do Município, para que os serviços públicos,
para que a nossa organização pública possa ser realmente melhor e possa estar
cada vez mais voltada para os interesses populares.
Eu quero, finalizando, agradecer
a cada funcionário pela ajuda que eu sempre encontrei, pela solidariedade que
sempre encontrei em todos os momentos. Eu quero agradecer a cada Vereador que
sempre soube, com muita dignidade, defender os seus pontos de vista, mas a quem
jamais faltou dignidade para defender os interesses comuns da Cidade. E quero
agradecer a esta Mesa que dirige os trabalhos desta Casa que, realmente, está
sabendo fazer com que a Câmara Municipal continue a sua trajetória firme,
gerenciando os trabalhos legislativos e fazendo com que estes trabalhos
legislativos estejam sempre em concordância com os interesses da população.
Muito obrigado a todos os
senhores e que a Câmara possa continuar, por mais outros tantos anos, sempre
defendendo os interesses de Porto Alegre. Muito obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver.
Lauro Hagemann, em nome da Bancada do PCB.
O
SR. LAURO HAGEMANN: Digníssimos membros da
Mesa, Srs. Vereadores, senhores funcionários, convidados, hoje, quando se
comemora o ducentésimo décimo sexto aniversário desta Câmara, é preciso que se
lance um olhar ao passado para que se possa vislumbrar, também, o futuro. Duzentos e dezesseis anos de existência de uma instituição como esta Casa não são todas as
instituições populares, democráticas e políticas que se podem dar ao luxo de
comemorar. São mais de dois séculos de existência. Num País como o nosso, de
uma memória muito precária, estes duzentos e dezesseis anos nos levam a recordar o que foi que
passou durante todo esse tempo. Esta Casa, durante a sua existência, foi
testemunha de acontecimentos históricos de grande importância para toda a
humanidade. Ela presenciou a independência das colônias americanas, a
independência dos Estados Unidos, que foi posterior à existência desta Casa.
Ela presenciou a Revolução Francesa, que comemora os seus duzentos anos. Ela
presenciou a Inconfidência Mineira, ela presenciou a Independência do Brasil,
ela presenciou o primeiro Império, ela presenciou a Revolução Farroupilha, a
Regência, que criou a Assembléia Legislativa, sessenta anos depois. Ela presenciou
o segundo Império, ela presenciou a Abolição da Escravatura, a Proclamação da
República, a Revolução Russa, a Revolução de 30, duas guerras mundiais e, de
1945, 1946 para cá, a história é dos nossos dias.
O que
passou esta Câmara durante esses duzentos anos? Quantos Vereadores passaram por
esta Casa? Nós não podemos duvidar que todos tinham o mesmo objetivo, de
engrandecer a sua cidade, de representar, politicamente, os habitantes de Porto
Alegre, e isso nos remete ao vislumbre do futuro, não é nenhum exercício de
futurologia, mas nós teremos que ter a sensibilidade, para isso somos
políticos. E agora, na comemoração dos duzentos e dezesseis anos da Casa e nos estertores do século XX, já vislumbrando ali adiante
o novo milênio, teremos de ter a capacidade e a responsabilidade de entendermos
os novos tempos que estamos presenciando.
Esta é
a nossa missão, e ela vai se desenvolver numa época muito importante, em que a
sociedade se resolve, e não só aqui, em Porto Alegre, no Brasil, na América, no
mundo, em busca de novas coisas, de uma nova sociedade. E é preciso que
entendamos isso. Ao elaborarmos, como já foi citado inúmeras vezes, a nossa
Carta Magna do Município, temos que ter esta perspectiva, confiando em todos
aqueles que nos precederam nesta Casa, nesses duzentos e dezesseis anos. Cada um na sua época teve a perspicácia de viver o seu tempo, de
interpretar o seu tempo. Por isso que a história da Cidade é de altos e baixos,
de avanços e recuos, como o é de toda a sociedade. Nós temos esta missão, de
entendermos o nosso tempo, porque se nós não tivermos capacidade para isto, a
história futura vai nos cobrar e acho, confio que todos aqui têm esse
discernimento. Em homenagem ao prosseguimento da vida desta Casa, que é a mais
legítima representação de uma sociedade que quer avançar, que deseja o
processo, não só para poucos, mas para todos os seus habitantes. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver.
Artur Zanella, que fala em nome da sua Bancada, o PFL.
O
SR. ARTUR ZANELLA: (Menciona os componentes
da Mesa.) Minhas senhoras e meus senhores. Há poucos dias, nesta Casa,
realizou-se uma das Sessões Solenes mais significativas que eu participei, que
foi a Sessão que comemorava os duzentos anos
da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. E todos os professores que
naquela tarde se pronunciaram para centenas de alunos que aqui estavam diziam,
dentro da linha do posicionamento do Ver. Lauro Hagemann, que nós comemorávamos
os duzentos anos da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão e esta Casa,
na oportunidade da Revolução Francesa, já tinha dezesseis anos.
Eu,
como Secretário Municipal da Indústria e Comércio, quando procurava as origens
do Mercado Público de Porto Alegre, encontrei que aquele Mercado foi construído
pela Câmara Municipal, com um Vereador encarregado com os trabalhos de
construção. E assim se desenvolve este trabalho com leis ordinárias, leis
complementares, com Comissões Especiais, Comissões de Inquérito, Comissões
Externas. E esta representação é que é importante, não podemos esquecer que nós
não estamos aqui individualmente, como pessoas físicas, estamos aqui exercendo
uma representação e esta representação, ela engloba este caráter administrativo
que já citei, caráter funcional, porque esta Casa tem que ser o exemplo de bom
funcionamento, ela não pode legislar para o Município, para o funcionalismo do
Município se aqui não tivermos o que de melhor se poderia obter, em termos de
funcionalismo, de pessoal. Felizmente, sempre tenho dito, nós temos.
E,
principalmente, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, no aspecto político, esta
Casa, com seus Vereadores, hoje com nove Partidos aqui representados, ela
representa toda essa explosão que vem do povo, assim chamada sociedade civil, e
que aqui expressa todos os seus problemas, sua perplexidade, todos os seus
sonhos e os seus anseios.
Esta
Casa, por exemplo, foi a única Casa Legislativa do País que deu posse,
novamente, a dois integrantes seus que foram cassados. Foi o único caso. Esta
Casa, em 1964, deu uma demonstração de grandeza, mesmo aqueles que não
aceitavam a revolução de 1964, mesmo aqueles que não aceitavam a deposição do
Prefeito eleito de Porto Alegre, o Sr. Sereno Chaise, mesmo aqueles, logo
depois da revolução, eles foram administrar a Cidade no Poder Executivo. E uma
das grandes injustiças que fiz na minha vida foi que um dia cobrei do Sr.
Glênio Peres, porque ele, falando mal da revolução, tinha sido Secretário
depois da revolução de 1964. Eu fiz uma injustiça, porque a Casa, quando assumiu
a responsabilidade de gerir Porto Alegre, Sr. Presidente, o Ver. Célio Marques
Fernandes levou o compromisso de que os Vereadores, mesmo contra aquela ordem
que era instituída naquele momento, iriam para os cargos do Executivo como
Secretários, e o Sr. Glênio Peres foi como Secretário de Transportes gerir esta
Cidade, em nome da Câmara de Vereadores. E uma vez eu cobrei isto do Ver.
Glênio Peres e eu fiz uma injustiça, fiz um injustiça para ele, pessoal, mas
não fiz uma injustiça a esta Casa que sempre, acima de qualquer fato
circunstancial, sempre, acima de problemas ideológicos, colocou como a sua
posição maior o desejo de servir Porto Alegre e de servir a nossa comunidade.
É isso,
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, que em nome do PFL eu queria dizer no dia de
hoje, esperando cada vez mais que os nossos filhos, os nosso netos, todos os
nossos descendentes tenham, no decorrer do tempo e no decorrer de sua
existência, uma entidade como esta que representa também a população de Porto
Alegre e que deve ser cultuada acima de tudo como um símbolo. Quando nós
acusamos esta Casa de alguma coisa, quando nós, de alguma forma a
desrespeitamos, nós não estamos desrespeitando um Vereador individualmente, nós
a estamos colocando sob suspeita, nós a estamos colocando sob a crítica e a
crítica sempre é boa em termos individuais, mas ela não é justa quando atinge
uma instituição como esta. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Valdir Fraga): Com a palavra, o Ver.
Wilson Santos, pelo PL, seu Partido.
O
SR. WILSON SANTOS: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, a palavra amor e a palavra verdade, repetidas mil vezes, têm o
sabor de eterna novidade, por isso, Srs. Presidente e representantes da Mesa,
demais Vereadores e demais funcionários, eu, crendo estar falando
essencialmente a verdade, em nome do Partido Liberal, faço uma homenagem
primeiramente à democracia. E começo ao fazer a homenagem ao voto, repetindo
aquilo que creio como verdade: assim como a natureza criou a árvore e a
protegeu com uma casca espessa e rija para que os bichos da podridão não a
carcomam, o individuo só se transforma em cidadão quando ele pratica, exercita
o voto. E aquele cidadão que não praticar e exercitar o voto não estará em
condições de defender o seu teto, sua prole e sua honra.
Portanto,
aqui a primeira grande homenagem, nos duzentos e dezesseis anos da Câmara, ao
voto. Agora, o voto exercitado na democracia, ele conduz um grupo de pessoas
representativas a algum lugar e o conduz ao Parlamento. A segunda homenagem democrática
é ao Parlamento da Cidade de Porto Alegre. Em 1773, foi erguido um monumento em
honra à democracia: a Casa do Povo de Porto Alegre. Por isso, a homenagem ao
Parlamento. A outra homenagem: aos trinta e três Vereadores agrupados em
Bancadas e a homenagem aos Partidos. E buscando o sentido literal da palavra no
Dicionário Aurélio, Bancada é a representação de um Partido no Parlamento, quer
seja de um homem ou de vários homens.
Então,
a homenagem às nove Bancadas que representam os Partidos, que é uma ponta do
Partido nesta Casa no contexto nacional, e dizendo que o partido também é uma
homenagem na democracia, porque o partido na democracia busca o poder e
democracia é alternância dos partidos no poder. Digo, até para ajudar o Ver.
João Dib, que tem que ser um dicionário maior; este aí não traz a definição.
Continuando,
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, inclusive tentando acalmar o Ver. João Dib,
digo que neste Dicionário Aurélio pequeno não tem as sete definições de
Bancada. No Aurélio Grande tem, apenas para lembrar, Vereador, que eu sei o que
V. Exª faria e estou lhe ajudando e não estou acirrando. Lamentando o
destempero, vamos continuar aqui, porque não foi esta a intenção. Digo que não
foi e repito, até porque eu disse que vinha falar em nome da verdade e falo em
nome dessa verdade, apenas fiz uma menção porque ele procurava o termo
“bancada”, como já fez desta tribuna e, ao auxiliá-lo, eu o irritei. Mas vamos
em frente. Eu fazia a homenagem aos partidos.
Na
democracia, um partido busca o poder, e busca o poder para conduzir a sociedade
ao bem comum. É, portanto, o Estado, um meio; o fim é o ser humano, na sua
realização completa; a base é o povo. Portanto, a saudação do PL às nove
Bancadas que representam os Partidos nesta homenagem democrática. A quarta
homenagem, neste Parlamento, eu faço aos funcionários desta Casa que, para
manter este monumento erigido em honra da democracia, trabalham nesta Casa com
probidade e com denodo.
São
estas as quatro homenagens que fazemos nos duzentos e dezesseis anos da Câmara
Municipal de Porto Alegre. Muito obrigado. (Palmas.)
(Revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver.
Omar Ferri, em nome da Bancada do PSB.
O
SR. OMAR FERRI: (Menciona os componentes
da Mesa.) Irmão Liberato, Vice-Reitor da PUC, eu peço escusas porque não o
reconheci quando entrei neste Plenário, sou do tempo de 1950 e uns quebrados e
já o conhecia naquela época, Srs. Vereadores, minhas senhoras e meus senhores.
De vez em quando, Sr. Presidente, neste Plenário, falamos em dignidade e,
algumas vezes, não somos bem compreendidos; às vezes até as iras da Casa se
voltam contra nós. Tenho um péssimo hábito, faço comparações, cotejo as coisas,
e hoje estamos aqui numa Sessão de homenagem à nossa própria Casa, com ilustres
visitantes, pessoas de grande importância para a nossa comunidade. Quero dizer
a essas pessoas - porque temos um dever de corpo, de organismo, de entidade -
que nós, Vereadores, temos que dar satisfações de nossos atos principalmente às
personalidades presentes. Gosto de falar em dignidade, gosto muito de dignidade
e justiça, são os parâmetros da nossa atividade e por isso digo que dignidade
é, por exemplo, publicar uma matéria sobre os duzentos e dezesseis anos da
Câmara de Vereadores e nenhuma palavra destacando quem é o Presidente que está
dirigindo, com louvor, a Casa. Isso é dignidade. Vejam, o protocolo manda que
falemos hoje, da nossa Casa. Não conheço a história da Câmara, não conheço a
história desta Cidade, conheço um pouco da história do Rio Grande do Sul, daí
porque sei que os nossos compêndios escolares são completamente omissos sobre a
verdadeira história do Rio Grande do Sul.
Mas
acho que temos que dizer aos senhores que estamos administrando com dignidade.
Estamos gastando, nesta Casa, neste ano – estou me valendo de um relatório
expedido pela Presidência da Casa a todos os gabinetes –, nos primeiros seis
meses da nossa atividade funcional aqui dentro, cinco vezes menos do que nos
seis meses do ano que passou. Saiba, Sr. José Zamprogna, que a maior distância
de gastos refere-se às diárias e passagens aéreas, cinco vezes menos. Aí diriam
que eu estou falando mal da Legislatura passada. Não é essa a minha intenção.
Estou destacando esses fatos em nossa própria homenagem e homenageando os
cidadãos que representam a nossa comunidade e que estão presentes hoje aqui.
Nós passamos, só passamos, a nossa vida é efêmera, a vida dos funcionários
desta Casa nem tão efêmera porque para eles é uma vida, para eles realmente
esta Casa é a Casa deles e tudo aquilo que existe em matéria de organização
desta entidade, nós devemos a eles e devemos agora, em matéria de
administração, nós devemos a V. Exª, Presidente.
Daí a
razão pela qual, através da minha Bancada, o PSB, eu fiz questão de salientar
este aspecto, porque, Sr. José Zamprogna, não adianta vir aqui e dizer que os
Srs. Vereadores vieram aqui cumprir com seus deveres com altas expressões de
espírito e que vamos fazer uma ótima Carta Orgânica Municipal, eis que sabemos
que a Carta vai sair daqui meio aleijada e andando de muletas, como foi a
Constituição Federal, que se pulverizou em casuísmo, em circunstâncias, em
particularidades e em detalhes, enquanto a Lei Orgânica do EEUU tem vinte e
sete artigos e uma dezena de emendas. Não sei, mas quando vemos uma cidade tão
desfigurada como hoje ela está, não sei se cumprimos realmente os nossos ideais
quando destruímos bairros de Porto Alegre, como é o caso do Bairro Petrópolis e
outros que perderam a sua intimidade, a sua fisionomia de bairros residenciais.
Mas os
senhores podem ter certeza de uma coisa: não existe hoje ato de improbidade, de
indignidade dentro desta Casa. E nós ajudaremos o Presidente Valdir Fraga, e
isto tenho certeza de que posso falar em nome de todos para não excluir
ninguém, neste sentido todos estão imbuídos das melhores das intenções, de
realizarmos aqui as nossas tarefas, dentro destes três anos e meio, dando
realmente o exemplo que o Município e a comunidade esperavam e esperam de nós.
Não foi por menos, Professor Liberato, que eu bebi ensinamentos, sentado nas
carteiras do Rosário e da PUC e dos colégios marista de cidades do interior.
Vou
dizer uma coisa aos senhores: de vez em quando eu não me sinto bem dentro desta
Casa. Sabem por quê? Porque prefiro ser aqui dentro o que fui aí fora, quando
lutei para me eleger. Fui o menos votado, mas cheguei aqui e arregacei as
mangas com os demais companheiros para dar um pouco do nosso esforço e do nosso
sacrifício para o engrandecimento desta Casa. Irmão Liberato, Zamprogna e
jornalistas aqui presentes, tenho uma teoria: não podemos reformar, reformular
ou melhorar o Brasil só observando, criticando, analisando, vendo o que se
passa no Estado ou na União se não prepararmos em primeiro lugar a casa onde
vivemos para melhorar a nossa comunidade. Esta é a teoria.
Em nome
do PSB, fico muito grato, envaidecido, engrandecido por falar a V. Exas
e pedir perdão e desculpas aos meus colegas, pois muitas vezes entro em
conflito com eles, mas, como disseram todos eles, isto é democracia.
Viva a
democracia.
E vivam
os duzentos e dezesseis anos daquilo que em matéria de democracia esta Casa até
hoje representou em homenagem a “mui leal e valerosa” Porto Alegre. Muito
obrigado.
(Revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver.
Vieira da Cunha, pela Bancada do PDT.
O
SR. VIEIRA DA CUNHA: (Menciona os componentes
da Mesa.) Cabe-me a honra de, na condição de Líder da Bancada do Partido
Democrático Trabalhista, Bancada majoritária desta Casa, encerrar, pelas
Lideranças, as saudações aos duzentos e dezesseis anos de existência da Câmara
Municipal de Porto Alegre. São mais de dois séculos de história e comemoramos
mais este aniversário no início de uma nova Legislatura, uma Legislatura que
abriga nada menos que nove Partidos, é a sociedade de Porto Alegre que se faz representar
nesta Casa através do voto livre e direto. Somos, na Câmara Municipal de Porto
Alegre, como que a imagem do povo desta Cidade, por isto não podemos aceitar as
campanhas difamatórias que têm sido feitas contra os Parlamentos. Antes de
fazer a crítica, o que caberia é uma autocrítica, porque, afinal de contas,
nenhum de nós aqui está a não ser pela vontade popular. Se erro houve, num ou
noutro caso, caberá a esta mesma população repará-lo na próxima eleição, não
elegendo aqueles que não se mostraram à altura do cargo que ocupam.
Entretanto,
o Parlamento, o Poder Legislativo, é um dos sustentáculos da democracia. O seu
desgaste, a sua difamação, o seu descrédito só interessam aos inimigos do
regime democrático. Aliás, num momento de eleições presidenciais, após quase
trinta anos de jejum forçado, é importante que se fortaleça o Legislativo e
seja resgatada a consciência política da sociedade. Para contribuir para o
resgate dessa consciência, é importante que lembremos que ao longo desses mais
de dois séculos de história nem tudo foram flores. Muitas vezes, fecharam-se os
caminhos da democracia com espinhos, como na década de 1960, quando eram
arrancados desta mesma Casa, pela força do arbítrio, o nosso querido e já
falecido Hamilton Chaves, o nosso companheiro Índio Vargas, aquele que agora
volta pelo voto popular e lá, na década de 1960, também foi arrancado pelo
arbítrio daqui desta mesma Casa, Vice-Líder, hoje, da Bancada do PDT, Ver.
Dilamar Machado. Ou em 1977, quando Glênio Peres e Marcos Klassmann eram também
cassados pela ditadura.
Repito:
o resgate da história é importante, e mais importante ainda neste ano de
eleições presidenciais, para que o povo brasileiro vote esclarecido, sabendo
distinguir falsas lideranças, forjadas pelos interesses daqueles que querem se
manter donos do poder, daquelas autênticas, que têm uma vida inteira dedicada à
causa popular e à causa dos trabalhadores. Outrossim, quero também destacar os
esforços que empreendem os funcionários a quem o PDT quer fazer uma homenagem
muito especial. A Mesa Diretora, o nosso Presidente Valdir Fraga, que a Bancada
tem a honra de contar na árdua tarefa de dotar este Palácio de condições dignas
de trabalho para todos nós.
Finalmente,
chamo a atenção para o detalhe histórico de comemorarmos o nosso aniversário na
véspera do Dia da Proclamação da Independência, 07 de setembro, independência
que ainda não veio, apesar dos cento e sessenta e sete anos passados de sua
proclamação solene. Ou será que se pode dizer que o Brasil é independente com
esta dívida externa, ao redor de 130 bilhões de dólares, e esse salário mínimo
de fome que se constitui na maior vergonha nacional, de menos que duzentos e
cinqüenta cruzados novos mensais? Não, não pode haver país independente, quando
o seu povo ainda é escravo. Para mudar esse quadro, aqui estamos fazendo a
nossa parte para chegarmos num dia, talvez esteja próximo, em que possamos
dizer: construímos um país independente, construímos uma nação livre. Esta é a
grande tarefa dos Legislativos, esta é a vocação histórica da Câmara Municipal
de Porto Alegre. Chegaremos lá! Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Nós concedemos a palavra
ao Dr. José Zamprogna.
O
SR. JOSÉ ZAMPROGNA: Ilustre Ver. Valdir
Fraga, M. D. Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; Dr. Olívio Dutra,
Prefeito Municipal, que teve que se ausentar; Dr. Telmo Magadan, também teve
que se ausentar; Irmão Liberato, estou comemorando sessenta anos ligados à
família marista, trinta anos estudando e vinte anos lecionando, portanto já
tenho meio século colaborando com a nossa Casa e por isso, então, é que
consegui buscar conhecimentos e, principalmente, a maneira correta de agir em
todas as nossas atividades e que permitiram que o nosso empreendimento
crescesse e o quadro de funcionários crescesse.
E nós
vamos, agora, desenvolver mais as nossas atividades. Acaba de se ausentar,
também, o ilustre Jornalista Firmino Cardoso, representante da Associação
Riograndense de Imprensa; caro Ver. Lauro Hagemann, 1º Secretário da Câmara
Municipal de Porto Alegre; Ver. Isaac Ainhorn, Vice-Presidente; Ver. Omar
Ferri, assinalei com bastante interesse as suas expressões, me calaram
profundamente; meus caros amigos, minhas senhoras, ilustres Vereadores,
componentes da Mesa. Eu não vou me ater, hoje, a falar sobre os duzentos e
dezesseis anos desta Casa, porque os brilhantes Vereadores o fizeram de uma
maneira naturalmente acima das expectativas.
Então,
nós já conhecemos a fundo estes duzentos e dezesseis anos, mas nós poderíamos
dizer alguma coisa sobre os cento e sessenta e sete anos da Independência
Brasileira. Ainda há pouco, eu estava ouvindo com grande interesse que, dos
cento e sessenta e sete anos da Independência Brasileira, nós temos a
independência política, mas a independência econômica ainda está muito longe.
Eu pertenço à classe econômica, estou vinculado às empresas todas do Rio Grande
do Sul, no que se refere à produção, indústria, transformação, comércio, etc.,
é um vínculo que venho mantendo há muito tempo, por isso acompanho de perto o
sacrifício do povo brasileiro, tenho me manifestado, muitas vezes discordando
da política administrativa, sobretudo do último Governo.
Realmente,
da maneira que estamos sendo administrados, nós estamos afundando mais a cada
hora que passa. O ilustre Vereador que há pouco falou citava que a dívida
externa do Brasil se aproxima dos 130 bilhões. Mas não é a dívida externa que
espanta o Brasil, nem a inflação direta do momento que vivemos, mas sim a
dívida interna, porque a dívida interna brasileira é que está provocando esta
elevação do custo de vida, a cada momento, no Brasil. Vejam, nós estamos
devendo, diz o jornal ontem, 300 bilhões de cruzados. Está é a dívida direta do
Governo Federal. Está é a direta, fora a indireta. Diz-se que a dívida real do
País, hoje, representa o somatório do Produto Interno Bruto Nacional, que se
aproximará, este ano, a 400 bilhões de dólares.
Por
isto, enquanto a nossa dívida continuar, no somatório que temos hoje e com a
multiplicação mensal de 30, 35%, o custo de vida explodirá cada vez mais e a
miséria brasileira tenderá a aumentar. Oxalá o outro Presidente venha com outra
direção, outros planos, para que dirija este País de uma forma bastante melhor,
que consiga bons Ministros, que não passeiem constantemente como o atual
Presidente, que fiquem colaborando, produzindo. No momento, estamos numa
situação muito mais crítica do que representa. Vejam, a dívida interna, temos
que girá-la durante a noite. Os empresários e os bancos emprestam o dinheiro
durante a noite ao Governo e, durante a noite, o Governo gira a dívida. Mas
essa dívida, se ela fosse exigida de um momento para o outro, o Governo não
pudesse dar o giro, os empresários e os bancos não dessem o dinheiro ao
Governo, não precisaria muito, em vinte e quatro horas viria o caos. Mas, não
vamos nos assustar com o que estamos passando, breve teremos uma eleição e,
certamente, se escolherá um bom Presidente, e um bom Presidente saberá escolher
bons Ministros, bons funcionários que colaborem e obterão o apoio do povo em
geral.
Por
isso a nossa esperança, o Brasil tem tudo para vencer, temos riquezas, temos um
povo trabalhador, falta apenas ser orientado. O nosso povo tem uma facilidade
extraordinária para aprender, mas não lhe dão profissionalização. A minha
empresa está profissionalizando, lá temos professores dentro da empresa
orientando os trabalhadores. Nós estamos montando, talvez, uma das maiores
indústrias do Rio Grande do Sul no campo mecânico, no campo da produção de
máquinas. E isso a maioria dos senhores desconhece, o nosso Presidente da
Câmara, Dr. Valdir Fraga, esteve lá, mas deu uma olhada por cima, não teve
tempo de ver de perto e, em breve, teremos o prazer de convidar esta Casa, o
Prefeito, os Vereadores para visitarem a nossa indústria.
Por
isso, somos aqueles que continuam acreditando no Brasil, o Brasil tem tudo para
vencer, nós estamos construindo mais dez mil metros, uma parte estamos
construindo e outra parte estamos esperando aprovação da planta para um
escritório; temos quarenta e poucos mil metros construídos e pretendemos
ampliar; acabamos de ser nomeados únicos distribuidores do aço inoxidável e
estamos montando uma indústria nesse campo também. Nós vemos a dificuldade
brasileira, mas achamos que quem vai endireitar o Brasil serão os trabalhadores
brasileiros, aqueles que trabalham, o povo e os empresários. Neste momento,
deveríamos nos unir e partir, desde já, para uma abertura de campo para novos
empregos, porque não serão os juros elevados de hoje que irão resolver os
nossos problemas de amanhã. Os nossos problemas serão resolvidos com máquinas
novas, o Brasil tem possibilidade de se transformar, talvez, em dez anos,
teremos um país altamente desenvolvido e industrializado.
Por
isto, então, antecipando a data do dia de amanhã, em que se comemora o Dia da
Independência, os meus votos seriam no sentido de que todos os brasileiros
cerrassem fileiras no sentido de convencermos o povo de que deixe de lado o
pessimismo e parta com a esperança, não abandone o ideal de crescimento, que
não abandone aquela vontade de produzir e trabalhar. E vamos lutar, porque nós
vamos vencer as nossas dificuldades. Ainda há pouco, ouvi a manifestação do
Ver. Omar Ferri, que esta Casa havia reduzido em cinco vezes as suas despesas
deste ano em comparação com as despesas do ano passado. Acho que a isto devemos
dar a divulgação. Isso é um milagre! Não é fácil. Em parte nenhuma do Brasil se
fez isto. Deve-se divulgar aos quatros ventos para que outros copiem. Tudo o
que é bom, nós devemos copiar.
Eu,
como representante da FIERGS e ao mesmo tempo da Federasul, aliás, faço parte
até do Conselho Superior, quando eu fazia cinqüenta anos de Federasul, eu já
tenho cinqüenta e dois anos de empresa; portanto, no ano passado, eles me
guindaram a esta posição pelos cinqüenta anos vinculado a casa.
Portanto,
o nosso apelo é de que todo mundo cerre fileiras em torno de lutarmos para o
bem do Brasil. A miséria do povo, por que temos esta miséria? Por que
prometemos, como o Presidente o faz, “Tudo pelo social”, mas, pelo social não
toca nada? Por que não toca? Porque se esbanja, se bota fora o dinheiro e não
sobra nada, então, para os miseráveis. E um país como o nosso, que tem
potencialidades fabulosas ainda inexploradas. Vejam a miséria em que vivemos no
aço, a minha indústria vem trabalhando com um terço de sua capacidade, com o
prejuízo desta Cidade, porque não recebe os tributos que poderíamos gerar. Por
quê? Pela falta de aço. Nós, na década de 1970/1980, trabalhávamos vinte e
quatro horas por dia e trabalhávamos aos sábados, domingos, e foi quando
capitalizamos a empresa. Naquela época, abandonamos os bancos, nunca mais
entramos nos bancos pedindo dinheiro, sempre fizemos com recursos próprios,
outros podiam fazer a mesma coisa, mas, ultimamente, de 1980 para cá, começaram
com o fato de exportar aço, exportar para pagar os juros externos, nós ficamos
aqui privados de matéria-prima, agüentando uma turma imensa de funcionários que
levamos vinte anos para preparar. Não queremos despachar os bons, então
tratamos de montar uma fábrica de máquinas, quando não tem serviço para
produzir tubulação de aço, estruturas metálicas, um mundo de outras atividades,
nós temos um complexo de indústrias dentro de uma só, nós poderíamos
industrializar aqui vinte mil toneladas de aço mensal, um dos maiores consumo
através do Brasil. Não o temos não por falta de capacidade, mas por falta de
matéria-prima. Estamos importando aço da Argentina e do Uruguai. Tentamos de
outros países, mas temos que pagar 45% de direitos, não podemos. Mas a
exportação do aço brasileiro, hoje, estamos subsidiando os Estados Unidos e
sobretudo a Europa e uma parte da China. Hoje, estamos dando 30% de sacrifício,
tirado da economia brasileira, em benefício da exportação, porque precisamos
formar dólares para amortizar um pouco os juros. Isto não é possível. Venho
gritando permanentemente por aí, ainda ontem, quando retornava de São Paulo,
comentando e analisando esta parte em São Paulo.
Mas o
tempo vai e eu não quero abusar da paciência dos amigos. Neste momento, eu
quero agradecer, verdadeiramente sensibilizado, a grande homenagem que acabam
de prestar-me aqui, principalmente à Mesa Diretora, a todos os Vereadores, esta
placa maravilhosa que foi dedicada em meu nome. Quero partilhá-la com todos
aqueles que colaboraram com esta Casa. E dizer que tenho uma grande obrigação,
um grande débito com esta Casa. Ainda quando o Dr. Dib era Prefeito, eu tive a
honra de ser homenageado e ser considerado Cidadão Emérito desta Casa.
Portanto, sempre que esta Casa precisar alguma coisa, não se constranjam. Se as
pessoas lá compareceram para ver se nós podíamos fornecer matéria-prima, não
vieram com a intenção de nós doarmos, mas eu disse de imediato que a nossa
obrigação não era pedir coisa nenhuma e sim colaborar. Se mais precisa, conte
Presidente. Nós pertencemos à classe produtora, classe empresarial, a nossa
política é produção, é trabalho, nós sempre estaremos apoiando e prestigiando
quem estiver no poder. É dele que nós dependemos e vamos trabalhar com ele. Meu
muito obrigado por tudo, pela atenção dos senhores, pela bondade e as palavras
maravilhosas que todos disseram a meu respeito. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: E, assim, vamos
encerrando, agradecendo a presença do José, que representa os funcionários,
leve o nosso abraço aos funcionários, ao Irmão Liberato, um abraço aos nosso
irmãos maristas, ao nosso querido José Zamprogna, foi um grande presente esta
cobertura. Vou fazer uso desta representação com muita dignidade, para
representar sempre a nossa Cidade.
Vou
suspender os trabalhos por cinco minutos para as despedidas, voltamos logo para
a Ordem do Dia.
(Suspendem-se os trabalhos às 16h26min.)
O
SR. PRESIDENTE (às 16h40min): Solicitamos ao Ver.
Adroaldo Corrêa verificação de “quorum” para a Ordem do Dia. É necessária a
presença de dezessete Srs. Vereadores.
O
SR. 3º SECRETÁRIO: (Procede à chamada
nominal dos Srs. Vereadores para verificação de “quorum”.) Estão presentes
vinte e um Srs. Vereadores, Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE: Há “quorum”.
O
SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente, eu
solicitaria que se procedesse ouvir do Plenário a inversão do Processo que
concede pensão, que se discutisse e deliberassem o primeiro Processo.
O
SR. PRESIDENTE: O quarto Processo passa
para o primeiro.
O
SR. DILAMAR MACHADO: Solicitaria a retirada do
Processo que concede o Título de Cidadão Emérito de Porto Alegre ao Pastor Nils
Taranger, para ser deliberado em outra Sessão.
O
SR. PRESIDENTE: Em votação o
Requerimento. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados.
(Pausa.) APROVADO.
Passamos
à
ORDEM DO DIA
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO
PROC. Nº
1723/89 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 023/89, que concede pensão à
viúva de ex-Vereador e dá outras providências. Com Emenda nº
01.
Pareceres:
- da CJR. Relator Ver. Elói
Guimarães: pela aprovação do Projeto e rejeição da Emenda nº 001;
- da CFO. Relator Ver. Flávio
Koutzii, pela aprovação do Projeto e da Emenda nº 001.
O
SR. PRESIDENTE: Em
discussão o PLE nº 023/89. (Pausa.) Com a palavra, para discutir, o Ver. Elói
Guimarães.
O
SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, é uma discussão que seria dispensável não fora um Parecer da
Comissão de Justiça da Casa que prolatamos à Emenda nº 001. O objetivo de
estarmos na tribuna é exatamente para dizer que vamos votar favoravelmente à
Emenda nº 001, mas que, no nível da análise técnica feita por nós na Comissão
de Justiça, do ponto de vista do nosso juízo e ao nosso entender, do ponto de
vista da Comissão de Justiça e deste Relator, a Emenda que estende a pensão à
esposa do nosso queridíssimo funcionário, companheiro de Partido Ruy Jader de
Carvalho, nós entendemos que, nos estritos termos legais do entendimento, a
Emenda gerava despesa. E como tal nós entendemos ser inconstitucional a Emenda
nº 001, que estende a pensão à venerada esposa do nosso grande companheiro Ruy
Jader de Carvalho.
Por
isso, do ponto de vista estritamente jurídico, nós entendemos inconstitucional.
Mas queremos dizer que, no mérito, em Plenário, pelo total mérito que contém a
matéria, nós vamos votar favoravelmente. Nós nos apressamos a formular aqui o
nosso entendimento exatamente para espantar dúvidas ou possíveis explorações de
um Parecer que é eminentemente técnico no que respeita ao Projeto do Sr.
Prefeito Municipal, que concede pensão à esposa do nosso Líder, nosso amigo,
companheiro de Partido Ver. Valneri Antunes. O Projeto tem toda a
constitucionalidade, a legalidade e o mérito. Era este o esclarecimento que
queríamos fazer. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver.
Airto Ferronato.
O
SR. AIRTO FERRONATO: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, para ser breve e até por se tratar de tema ao qual levantei, desta
tribuna, uma posição no sentido inclusive de cooperar e apenas fazendo também
uma avaliação técnica, nós voltamos a dizer que, segundo a Constituição
Federal, não é possível aumentar a despesa, criar despesa apenas e tão-somente
aos processos de iniciativa exclusiva do Poder Executivo. E dentre as
iniciativas exclusivas do Poder Executivo estão as despesas relativas a
pessoal. Neste caso específico, objeto deste Projeto, não há nenhuma despesa
específica de pessoal. Portanto, nós acreditamos na validade do mérito técnico
deste processo e por isso, mais uma vez, dizemos que para de uma vez por todas
eliminarmos essa dúvida, é indispensável que se vote com urgência uma Emenda
que propus à Lei Orgânica, porque acredito que ela sanará esses problemas.
Concordamos com a posição do Ver. Elói Guimarães de que se nós nos atentarmos
ao que diz a Lei Orgânica, efetivamente, no aspecto técnico, ele tem sério
problema. Votaremos favoravelmente. Apenas para expor e voltar a pedir urgência
no Processo que tramita nesta Casa e que adapta a Lei Orgânica ao que diz a lei
federal com respeito à iniciativa parlamentar, porque ali vamos eliminar, de
uma vez por todas, essas dúvidas. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Encerrada a discussão. Em
votação o PLE nº 023/89. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADO.
Em
votação a Emenda nº 001, de autoria do Ver. Clóvis Brum, ao PLE nº 023/89. Os
Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam sentados (Pausa.) APROVADA.
Sobre a
mesa, Requerimento de autoria do Ver. Flávio Koutzii, solicitando que o PLE nº
023/89 seja dispensado de distribuição em avulsos e interstício para sua
Redação Final, considerando-a aprovada nesta data. Em votação. (Pausa.) Os Srs.
Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO
PROC. Nº
1361/89 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N° 052/89, de autoria do
Ver. Isaac Ainhorn, que dispõe sobre a obrigatoriedade de coletores de lixo em
estabelecimentos comerciais.
Pareceres:
- da CJR. Relator Ver. Clóvis
Brum: pela aprovação;
- da CEDECON. Relator Ver. Jaques
Machado: pela aprovação;
- da COSMAM. Relator Ver. Ervino
Besson: pela aprovação.
O
SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLL nº
052/89.
Peço ao
Sr. Secretário que faça a verificação de “quorum”.
O
SR. SECRETÁRIO: (Procede à chamada
nominal dos Srs. Vereadores para verificação de “quorum”.) Sr. Presidente, doze
Srs. Vereadores responderam à chamada.
O
SR. PRESIDENTE: Não temos “quorum” para a
votação, só para a discussão.
O
SR. VIEIRA DA CUNHA: Eu pergunto a V. Exª se,
para o bom andamento do processo legislativo, ouvindo o Plenário, não
poderíamos adiar a discussão a fim de quando votarmos termos presente a
discussão anterior.
O
SR. PRESIDENTE: Não havendo inscritos
para discutir, encerramos os trabalhos, registrando-se as presenças dos
Vereadores Airto Ferronato, Cyro Martini, Elói Guimarães, Ervino Besson, Isaac
Ainhorn, João Dib, Lauro Hagemann, Leão de Medeiros, Luiz Braz, Luiz Machado,
Valdir Fraga e Vieira da Cunha.
(Levanta-se a Sessão às 16h58min.)
* * * * *